sábado, 27 de fevereiro de 2010

Livro de Erico Verissimo vai dar origem a um musical


O Globo, 28/02/2010

SÃO PAULO - Quase 30 anos depois de sua criação e quase dez após sair
de cartaz na Broadway - em setembro de 2000, com um recorde de 7.485
apresentações -, o musical "Cats" ganha uma versão brasileira, que
chegará ao Rio no segundo semestre deste ano, de acordo com o dono da
produtora Time For Fun, o empresário Fernando Altério. O espetáculo
estreia em São Paulo, dia 4 de março, no Teatro Abril. A tradução das
canções leva a assinatura do compositor Toquinho, em sua estreia no
gênero. Coube a ele aportuguesar clássicos como "Memory", canção
traduzida para mais de 150 idiomas e gravada por gente como Barbra
Streisand, Barry Manilow e José Carreras. Em 2006, "Cats" foi montado
em São Paulo (no Credicard Hall) e no Rio (no então Claro Hall), mas a
produção era americana, legendada.

A cantora Paula Lima, também em sua primeira investida num musical,
protagonizará o espetáculo como a gata Grizabella, ao lado de
atores-cantores experientes no gênero como Saulo Vasconcelos (Old
Deuteronomy) e Sara Sarres (Jellylorum).
Com músicas de Andrew Lloyd Weber, "Cats" teve seu recorde de
longevidade na Broadway superado apenas por "O Fantasma da Ópera", do
mesmo compositor, em janeiro de 2006. A história do músico com rosto
deformado parcialmente coberto com uma máscara já passou dois anos em
cartaz no Brasil, mas só na capital paulista. "Cats", entretanto,
excursionará pelo país. Além de São Paulo e Rio, Porto Alegre,
Curitiba, Belo Horizonte, Brasília e Salvador devem receber o
espetáculo.

Livro de Erico Verissimo vai dar origem a um musical

Toquinho dedicou dois meses à tradução e adaptação das dez músicas de
"Cats". Além de ter que preservar as rimas e a métrica das canções
originais, ele acompanhava em vídeo as cenas e as coreografias, pois o
sentido dos versos precisava ser mantido para acompanhar a encenação.
O músico conta que foi um trabalho árduo, mas o resultado o satisfez e
gerou a vontade de trabalhar novamente com o gênero, seja compondo ou
fazendo outras versões.

- Quando me convidaram para essa aventura, fiz um teste. A produção
mandou as cinco canções mais importantes da peça, incluindo "Memory".
Fiz as versões sem grandes dificuldades. Mas, quando veio o resto,
quase me arrependi. Foi como aquela história de uma mulher muito
bonita, de minissaia, que pede carona. O motorista para porque ela é
linda, só que, quando ele abre a porta do carro, entram o pai, a mãe,
a família toda da moça - compara Toquinho.

Ele conta que, às vezes, passava uma hora debruçado sobre um verso.

- Não queria que parecesse uma tradução. Queria que soasse natural,
como uma música que eu fiz. Foi o dobro do trabalho que previ, mas, no
final, peguei o jeito - completa ele, adiantando, sem dar detalhes,
que aceitou um convite para compor as canções de um musical original
brasileiro baseado em obra de Erico Verissimo.

A cantora Paula Lima, que tem a missão de conquistar o público como
uma gata sofrida e excluída do bando, diz não temer as inevitáveis
comparações com estrelas internacionais que gravaram versões célebres
de "Memory".

- Foi difícil chegar ao tom sofrido de Grizabella, uma personagem
dramática, cheia de nuances, que quer ser aceita pelo grupo. Logo eu,
que não dou espaço para a tristeza. Sou do baile, da festa - conta
Paula, irreconhecível com a maquiagem, a peruca e o figurino de gata.


"Cats" recebeu 30 prêmios, incluindo sete Tonys, e já foi traduzido
para dez idiomas. A tribo dos Jellicle Cats é composta por 38
artistas. A história é baseada em 14 poemas de um livro que T.S. Eliot
escreveu para seus filhos.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Memória a perigo em Cruz Alta


Zero Hora, 22/02/2010

Museu Erico Verissimo, que recebe 3 mil visitantes ao ano, em média, apresenta rachaduras e infiltrações e deverá passar por vistoria em março

Um dos maiores patrimônios históricos do Estado está danificado pela ação do tempo. A casa do escritor Erico Verissimo, que abriga um museu dedicado ao autor no centro de sua terra natal, Cruz Alta, está parcialmente interditada, e deve passar no início de março por vistoria da Fundação de Ciência e Tecnologia do Estado (Cientec).

A medida foi recomendada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), após laudo preliminar feito em novembro, a pedido da prefeitura de Cruz Alta. Engenheiros da prefeitura visitaram o prédio para verificar as rachaduras e acharam prudente acionar o Iphae, já que o prédio foi tombado pelo instituto em 1984. O Iphae, por sua vez, aconselhou que uma empresa especializada fizesse um novo laudo, mais criterioso, apontando que tipo de intervenções e reformas serão necessárias.

– Se essas reformas realmente forem necessárias a prefeitura terá que contratar uma empresa especializada. Para viabilizar as obras, vamos elaborar projetos e encaminhar ao governo do Estado, já que trata-se de um patrimônio histórico – explica Rossano Viero Cavalari, coordenador do Museu Erico Verissimo.

O prédio apresenta rachaduras e infiltrações, em especial no auditório. Após o laudo preliminar, o Iphae indicou a instalação de um tapume do lado de fora do prédio para evitar que, caso o reboco caia, atinja pedestres. Também foi recomendado que fossem evitadas aglomerações de pessoas, motivo pelo qual as visitas de grandes grupos foram canceladas.

– Quando temos agendada uma grande excursão, dividimos em pequenos grupos para a visitação. Não estamos deixando de atender nenhuma demanda – afirma Cavalari.

O estado do prédio prejudicou também o projeto Acústica no Museu, realizado no auditório semanalmente. As apresentações estão canceladas desde dezembro, mas devem ser retomadas em março no Salão Nobre da Câmara de Vereadores.

Fernanda Verissimo, neta do escritor, destaca que a família tem um carinho especial pela casa.

– É um dos principais pontos turísticos e culturais de Cruz Alta. Temos o sentimento que nos últimos anos a casa não vem recebendo o cuidado que merece. É uma casa histórica, representa muito para nossa família, e acreditamos que, bem aproveitada, tem grande potencial.

Ela lembra ainda a admiração da família pelo trabalho de Edemar Vieira, que morreu há alguns anos e que por muito tempo trabalhou no museu:

– A impressão que tínhamos é que ele cuidava do local como toda a afeição.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A trilogia O Tempo e o Vento


A trilogia O Tempo e o Vento, do escritor Erico Verissimo, é considerada por muitos a obra definitiva do estado do Rio Grande do Sul e uma das mais importantes do Brasil. Dividida em O Continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1962), o romance representa a história do estado gaúcho, de 1680 até 1945 (fim do Estado Novo), através da saga das famílias Terra e Cambará.

O Continente
A primeira parte de O Tempo e o Vento foi publicada em Porto Alegre no ano de 1949 e narra a formação do Estado do Rio Grande do Sul através das famílias Terra, Cambará, Caré e Amaral. O ponto de partida é a chegada de uma mulher grávida na colônia dos jesuítas e índios nas Missões. Esta mulher dará à luz o índio Pedro Missioneiro, que depois de presenciar as lutas de Sepé Tiaraju através de visões e ver os portugueses e espanhóis dizimarem as Missões Jesuíticas, conhecerá Ana Terra, filha dos paulistas de Sorocaba Henriqueta e Maneco Terra, este filho de um tropeiro que ficou encantado com o Rio Grande de São Pedro ao atravessá-lo para comerciar mulas na Colônia do Sacramento e obtêm uma sesmaria na região do Rio Pardo.
Ana Terra terá um filho com o índio, chamado Pedro Terra. Logo que seu pai descobre sobre a gravidez, ele manda os irmãos de Ana matarem Pedro Missioneiro. Quando castelhanos invadem a fazenda da família Terra, matam pai e irmãos da moça e a violentam, mas ela conseguira esconder o filho, a cunhada e a sobrinha. Partem para Santa Fé, onde se passará o resto da ação de O Tempo e o Vento. Lá Pedro Terra cresce e tem uma filha, Bibiana Terra, que se apaixonará por um forasteiro, o capitão Rodrigo Cambará. Ana Terra e o capitão Rodrigo são até hoje considerados dois arquetipos da literatura brasileira.
Os sete capítulos de O continente podem ser lidos de diversas formas. Uma delas é a história da formação da elite riograndense, que culminará na Revolução Federalista de 1893/95. As lutas pela terra, as guerras internas (Farroupilha, Federalista) e externas (Guerra do Paraguai, Guerra contra Rosas) marcam definitivamente a vida e a personalidade daqueles gaúchos e ecoam de forma muito forte ainda hoje na identidade do Rio Grande do Sul.
Do ponto de vista histórico-literário, O continente está inserido no chamado Romance de 30, obras de cunha neo-realista que aliam a descrição denunciante do Realismo às investigações psicológicas das personagens e liberdades lingüísticas do narrador, frutos do Modernismo. Assim como O continente, muitas dessas obras são de cunho regionalista.
Os dois volumes de O continente são os mais lidos e conhecidos da trilogia. Parte de seu conteúdo teve adaptações para o cinema e a televisão. O sucesso do personagem Capitão Rodrigo nas telas levou a Editora Globo a publicar em separado o capítulo da obra a ele dedicado, Um certo Capitão Rodrigo.



O Retrato


A história se passa em Santa Fé no início do século XX, então iniciando timidamente seu processo de urbanização, ainda marcada pela cultura rural.
Toda a história é marcada pelo contraste entre o Dr. Rodrigo Cambará, homônimo do capitão, homem da cidade, de um lado, e o Coronel Licurgo, seu pai, homem do campo, de outro. Como mediador desse conflito, aparece seu irmão Toríbio.
O próprio Dr. Rodrigo é um personagem marcado pelos contrastes. Formado em Medicina, adquiriu em Porto Alegre, onde estudou, o gosto por uma vida sofisticada. Ao chegar a Santa Fé, vestia ternos elegantes, trazia na bagagem iguarias e vinhos franceses e um gramofone e na mente projetos de vida grandiosos. Mas frequentemente esse verniz se rompia e se revelava o típico macho gaúcho, com acessos de violência e de um incontido desejo sexual.
O homem confiante e superior que se julgava vai, então, cedendo aos poucos o lugar para o homem amoral em que acaba se transformando. Erico explora bem esse contraste ao fazer recorrentes comprarações entre o retrato, pendurado nas paredes do Sobrado, que fixa o Dr. Rodrigo idealizado por si mesmo no seu apogeu, e o homem em que ele vai se transformando.
Os grandes acontecimentos do século passam ao longe, chegam pelo telégrafo e pelos jornais, e pouco influem na vida das pessoas, a não ser como motivo de discussões políticas e filosóficas. Ao contrário de O continente, onde os personagens são protagonistas da História, aqui eles são espectadores desinteressados.


O Arquipelago

A última parte da trilogia foi lançada onze anos após O Retrato, quando os meios literários já não mais esperavam a continuação de O Tempo e o Vento, devido à frágil saúde de Erico, convalescente de um ataque cardíaco.
Aqui, parte da ação transcorre no Rio de Janeiro, então a capital do país, com o Dr. Rodrigo Cambará eleito deputado federal. Assim, os personagens principais não são mais espectadores dos fatos nacionais, mas participam diretamente deles. Ao longo do romance, aparecem vários personagens reais, como Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, Luís Carlos Prestes, que contracenam com os personagens criados pelo autor. Isso confere à história uma dinâmica especial.
Novamente, no seio da família Cambará, desenrolam-se as contradições de uma época marcada por uma radical revolução de costumes, sob a influência do cinema americano. Na família Cambará e suas relações, há desde comunistas a oportunistas. No meio deles, assumindo uma postura crítica e não engajada, aparece Floriano, alter ego do próprio Erico.
O autor inova ainda ao introduzir um capítulo narrado por uma personagem feminina, Sílvia, que apresenta os personagens de O Arquipélago sob um ângulo diferente.

Extraído do site Wikipedia

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Fantoches e Outros Contos


Por Marlo Renan
de Fortaleza-CE/Brasil

Hoje pela tarde eu finalizei a leitura da antologia Fantoches e Outros Contos (1972), uma coletânea peculiar de contos do brasileiro Erico Verissimo. É peculiar porque, convidado a reler seus textos de principiante para celebrar uma edição comemorativa do livro, o Erico de 66 anos de idade escreveu, à margem dos contos, pequenas e hilárias observações sobre o Erico contista da década de 30.
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Sinopse: Reconhecido como um dos clássicos brasileiros do século XX, Erico Verissimo estreou na literatura em 1932 com o volume de contos ‘Fantoches’. Décadas depois, fez apontamentos manuscritos e ilustrações à margem do texto, para a edição comemorativa do quadragésimo aniversário da publicação do livro. Nesses apontamentos, o escritor consagrado observa as narrativas do jovem principiante com olhar exigente, mas também com humor.
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Embriagado. Essa é a palavra que define muito bem o estado de espírito com que saio de uma leitura de Erico Verissimo. O escritor gaúcho consegue me envolver (tanto com as suas estórias quanto com o seu estilo de escrita) de uma maneira tão forte, tão plena, que eu acho difícil encontrar um outro escritor com que possa me identificar tão bem.
Considero Fantoches e Outros Contos simplesmente indispensável para os fãs de Erico. Contudo, não o aconselho aos que estão começando a ler a obra dele agora. Para ler a primeira parte de Fantoches e Outros Contos, acho que o leitor já deve estar adaptado há muito tempo ao universo do autor.
Essa primeira parte do livro (“Fantoches”) tem um valor evidentemente mais histórico que literário, embora lá haja algumas histórias interessantes. Encontramos nessas primeiras páginas um Erico ainda imerso em clichês, mas que procura, a todo custo, livrar-se deles, coisa que consegue com sucesso anos mais tarde. Achei muito interessantes os textos em que, no desenrolar da trama, as personagens se rebelam contra o autor da história. O ápice deste tipo de enredo está na peça “Criador versus Criatura”.
Aliás, uma coisa interessante de se notar é a profusão de textos escritos em forma de peça, forma esta com que o autor nunca simpatizou de todo. No mais, em resumo, “Fantoches” é uma boa experiência que fez com que Erico alçasse vôos mais longos, anos mais tarde.
A segunda parte do livro (“Os Outros Contos”) mostra-nos um Erico Verissimo muito mais maduro do que no início, já totalmente dono de sua escrita e suas idéias. Esses contos eu já aconselho aos que estão começando a ler a obra do autor agora. Lá encontramos histórias muito sensíveis, humanas, poéticas e reflexivas. Adorei particularmente do conto “A Ponte”, cuja filosofia é bem parecida com aquela que cultivo desde pequeno.
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Abaixo, transcrevo um trecho que retrata essa filosofia.
“Não quero que o senhor imagine que sou um papa-hóstia – sorriu o rapaz – e que acredite, como mamãe, num Deus barbudo que distribui prêmios e castigos… Minha religião tem muito mais a ver com a Arte do que com a Igreja Católica. Acredito numa Inteligência Superior, numa força luminosa que governa o Universo… Pode ser meio obscuro, mas é o que penso ou, melhor, o que sinto. Creio na existência duma Entidade cuja definição e explicação escapam à lógica humana de causa e efeito… O que quero deixar claro é que não aceito a gratuidade da vida. Se aceitasse, acho que ficaria louco… ou me matava… ou ambas as coisas. O absurdo da vida é apenas aparente. Há nas pessoas e nas coisas uma beleza e uma verdade imanentes.” (p. 289)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

PARA REVER ERICO VERISSIMO


Zero Hora, 15/02/2010

A mostra que esteve em cartaz em 2005, nas comemorações do centenário do escritor gaúcho Erico Verissimo, está de volta à Capital. Amor à Vida – Erico Verissimo 100 Anos é composta por painéis, fotografias, desenhos e textos que exploram a biografia do escritor.

A exposição é dividida em quatro partes, cada uma retratando uma fase da vida de Erico: a Casa Recebida, que se foca na sua infância; a Casa Perdida, que retrata a separação dos seus pais; a Casa Procurada, que apresenta seu relacionamento com a esposa, os filhos, os amigos, os livros e a escrita e a Reconquista da Casa, a mesma de Cruz Alta, renovada em Porto Alegre. A homenagem ao escritor está montada no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (Andradas, 1.223) e pode ser visitada de segunda a sexta, das 10h às 19h, com entrada franca.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Encontro foi cancelado

Informamos aos admirados de Erico Verissimo que o Encontro que estava programado para o perído do carnaval foi cancelado por motivos superiores.